Religião e Política


"Minha devoção à verdade empurrou-me para a política; e posso dizer, sem a mínima hesitação, e também com toda a humildade que, não entendem nada de religião aqueles que afirmam que ela nada tem a ver com a política."              Mahatma Gandhi

 
Muito se valoriza o fato de sermos um Estado laico, sendo uma conquista democrática a separação onde as políticas públicas não sofrem ingerência de uma determinada religião.

Fato é que a igualdade de todos, independente de credo, perante a lei, é fundamental, pois inobstante as diferenças de etnia, sexuais, religiosas, entre outras, quanto aos direitos e obrigações individuais somos iguais na condição de cidadãos.

Os que defendem o extremo da separação do Estado entre religião e política, valem-se daqueles que ao extremo são Estados religiosos, para fundamentarem seus argumentos.

Nações fazem das diferenças religiosas questões políticas. Sionistas, Islâmicos, Xiitas, Sunitas, Judeus, Árabes e outras tantas denominações ligadas à religião que cerceiam direitos de alguns em razão de sua Fé.

A complicação se dá que o medo de um extremo, por vezes leva a outro extremo, o que também não é desejável. É possível, em um estado Republicano, portanto que não é Étnico nem Religioso, onde estão garantidos os direitos e as liberdades individuais, haver uma discussão de valores, pois isto também faz parte do processo democrático.

Muito se confunde as opções individuais com as políticas de Estado, estas por sua vez direcionadas para o coletivo e financiadas com dinheiro público. As opções individuais, por mais que sob a ótica de determinada pessoa, pareçam equivocadas, devem ser respeitadas, sendo que a imposição de ideias, sejam fundadas na religião ou em outro qualquer alicerce, é condenável.

Todavia, quanto a sociedade, a discussão deve proceder das mais diversas vertentes, e a Fé não deve ser ignorada. O ser humano, é único, com seus valores e credos, e o político é ser humano, não se pode querer que ele abandone suas convicções na ora de votar uma lei.

É importante que o Congresso Nacional e as demais casas legislativas, representem a sociedade, pois esta é composta pelos mais diversos seguimentos e estes democraticamente devem conquistar seu espaço.

O fato de se ter representação Católica, Evangélica, Umbandista, Espírita entre outras, no parlamento, não se traduz, de forma alguma, por se estar indo na direção de um Estado Religioso, ou que tal representação contribui para uma ótica ditatorial de normas pela imposição de crenças, ao contrário, quer dizer que a sociedade tem diversidade, tem voz, e o parlamento é também um espaço para estas representações se fazerem ouvir.

O fato de os eleitos defenderem as ideias de seus eleitores, faz parte do processo democrático, pois os elegem justamente para que promovam ou não mudanças legais e na forma de governo da nação.

Não se trata, em hipótese alguma, de querer igualar política e religião, mas sim atestar que os que professam uma Fé religiosa e os humanistas, são cidadãos iguais na medida em que podem e devem buscar representação política, portanto um político não pode ser discriminado por estar ligado a uma religião.

O Brasil é um exemplo de Estado Democrático de Direito, onde existe a garantia constitucional da livre expressão do pensamento. O argumento de não interferência da religião no Estado, não pode se  sobrepor ao precioso direito da liberdade de expressão.