“Toda interpretação tem um interesse político. Não há interpretaçõesgratuitas”. Milton Santos
Muito se fala em visão política,administrativa, financeira, mas pouco se houve falar em analisar o ponto degeográfico para identificar os dramas vividos pelas sociedades.
Segundo se depreende do referidotexto, existe uma preocupação do autor em ao mesmo tempo em que é transparentee categórico em suas convicções, abrir-se para a discussão. Tal se dá justamentepor definir e defender claramente seu ponto de vista.
Quanto ao dinheiro, constata-seque diante da complexidade das relações, este vem como resposta colocando-secomo medida de valor para o trabalho e seus resultados.
No decorrer do tempo houve aampliação das trocas, do comércio, uma produção maior de objetos e ainterdependência crescente das sociedades, o que culminou na necessidade dodinheiro. O dinheiro aparece ante a necessidade de regulação visando garantirestabilidade das trocas e da produção.
Surge então o Estado territorial,o território nacional, o Estado nacional, que então passa a regular o dinheiro.Num primeiro momento, este dinheiro era domesticado e mesmo sofrendoinfluências internacionais com a presença forte do Estado nacional, tratava-sede moeda nacional que se prestava às relações internas.
Posteriormente adveio o conceitode globalização, muito devido a ligação global através da velocidade deinformação. Este conceito veio tão forte que parecia que em se tratando dedinheiro globalizado, os territórios seriam extremamente enfraquecidos.
Com o passar do tempo vivenciandotal conceito, percebe-se que o território ainda resiste, prova disto é amaneira desigual em que o dinheiro esta ou não presente nos territórios. Odinheiro oriundo da globalização é algo invisível quase que abstrato, ao mesmotempo em que é arbitrário e tirânico.
Nesta escalada de poder, não hácritérios, não existe olhar periférico, as escolhas se dão por interessesmomentâneos ou que se imagina ter, logo uma vez que se extraiu de determinadolugar tudo o que se pretendia ou que se imaginava poder ter, esse lugar éabandonado.
Percebemos que o território queoutrora continha o dinheiro e que a este regulava, hoje é suplantado pelainfluência externa sendo impossível regular internamente, pois vive emconstante ameaça de instabilidade, o que provoca a necessidade deste de apoiaraquilo que não se acredita em razão do medo de perder ainda mais.
No contesto nacional brasileironão é diferente, a ditadura do dinheiro dificulta a regulamentação interna jáque cada centavo global que adentra à nação, tem interesse que somente sedesregulamente aumentando a dependência, fortalecendo o dinheiro e desorganizando todoo resto.
No caso especifico das empresasglobais não é diferente, pois estas com sua presença constituem um fator dedesorganização, pois impõe suas necessidades à despeito das necessidades doterritório que ocupam, sendo altamente desagregadoras por essência,contaminando a governabilidade do pais.
Em síntese, dada ainternacionalização do dinheiro, o resultado da influência deste no territórioé devastador, em que pese ações que buscam reorganizar o território como aEuropa com a Comunidade europeia, é inegável a interdependência monetária.
Talvez o caminho mais viável parainterrupção desta desenfreada cultura seja a cidadania, contudo em se tratandode Brasil isto é preocupante, pois, a bem da verdade, não temos formação decidadania e estamos acostumados a colocar os interesses imediatistas eindividualistas à frente do coletivo o que permite uma proliferação abundanteda desorganização perpetrada pelos chamados interesses globais.
Contudo a que se ter esperança, poisestamos aprendendo e descobrindo, dia após dia, governo após governo, eleiçãoapós eleição, a agirmos como cidadãosconstruindo uma nova realidade. Como falou o próprio Milton Santos; “_O mundo éformado não apenas pelo que já existe, mas pelo que pode efetivamente existir”.